Muitas soluções para problemas urgentes, como os enfrentados agora durante a crise da COVID-19, já existem ou podem surgir rapidamente beneficiando toda a sociedade. Para o setor público, o desafio é ter agilidade para promover a criação dessas iniciativas ou para identificar e articular as que já existem.
São esses alguns dos aprendizados dos Desafios COVID-19 organizados pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) com apoio de diversas instituições, inclusive o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A lista com os 14 vencedores, que foram premiados neste mês de junho, está mais abaixo neste post.
Em pouco mais de um mês (confira o edital aqui), o concurso identificou nas cinco regiões do Brasil cerca de 600 soluções. As propostas lançam mão de práticas de governo digital, coordenação intergovernamental, comunicação, inovação material e infraestrutura sanitária para combater a pandemia ou mitigar seus efeitos.
Além da utilidade e da pertinência das iniciativas em si, o desafio permitiu a gestores públicos e parceiros tirar lições como:
- Os governos devem ser indutores de inovação: com estratégia bem articulada, o setor público pode incentivar a sociedade na busca de respostas para problemas que afetam a todos e obter respostas rápidas
- O poder da colaboração: sozinho, dificilmente qualquer ente público conseguiria, em algumas semanas, elaborar 600 soluções para enfrentar qualquer desafio que seja. Mas com o apoio da sociedade civil, incluindo pessoas físicas e empresas, é possível articular diferentes saberes, da engenharia à medicina, na construção de respostas urgentes. Como disse Diogo Costa, Presidente da Enap, na cerimônia de premiação, “as melhores respostas não estão na cabeça de alguém sozinho”. É possível assistir à cerimônia aqui.
- Importância da agilidade: um governo ágil pode ter impactos positivos na vida de seus cidadãos. Diante de uma situação que apresenta desafios novos cada dia, todo minuto conta, e daí a importância de buscar na sociedade civil os reforços necessários para uma ação veloz e eficiente.
- A potência da busca aberta: os desafios COVID-19 estabeleceram critérios e propuseram perguntas, mas não direcionaram os esforços. A intenção era ampliar para áreas diferentes do conhecimento as possibilidades de contribuição. E funcionou: as propostas premiadas englobam soluções para questões econômicas, sanitárias e educacionais, mostrando a potência de buscas abertas de inovação. Instituições que atuem como think tanks públicos, como a Enap, têm um papel fundamental na condução desses processos.
Vencedores ganharão até R$ 100 mil
Além do convite para a proposição de iniciativas com potencial de beneficiar a todos, o concurso propôs recompensas a pessoas físicas e jurídicas autores das melhores soluções.
Os prêmios somaram R$ 1,7 milhão– montante totalizado com a participação de parceiros da Enap no concurso, o que também demonstra a importância da articulação do setor público com outras instituições na busca de saídas inovadoras para problemas sociais.
Os projetos foram avaliados levando em conta a facilidade de implementação, o impacto, a eficiência e as viabilidades jurídica e econômica.
BID poderá ajudar interessados em aperfeiçoar projetos para implementação
Além dos prêmios pagos pela Enap, os oito finalistas na categoria Pessoas Físicas poderão receber financiamento do BID para consultorias que vão aprimorar os projetos enviados e apoiar sua implementação, no contexto do projeto de apoio a transformação digital do setor público do Brasil.
Conheça os projetos vencedores do prêmio Desafios COVID-19
Pessoa jurídica:
- UTI Control – Covid-19 - Gestão de diversas UTIs simultaneamente e em tempo real. É possível identificar vagas disponíveis e maximizar os tempos de liberação de leitos por meio de monitoramento de critérios como necessidade de isolamento, de ventilação e de outros recursos para cada paciente. A ferramenta permite também organizar a fila, usando modelos preditivos, dos pacientes candidatos a leitos de UTI.
- Monitora Covid-19 – Apresenta dados brutos e taxas da doença por município, estados, países, bem como opções de modelos matemáticos, análises temporais e espaciais, cenários, medidas de combate, população de risco, relatório municipal permitindo o acompanhamento da pandemia e sua tendência ao longo do tempo, bem como a comparação dos dados brasileiros com os de outros países.
- Aua – Do tupi-guarani “gente”, o Aua é uma plataforma de fomento aos pequenos empreendedores. A ideia é conectar pequenos negócios que precisam de apoio a consumidores que desejam obter mais benefícios em suas compras do dia a dia.
- Simulador de dispersão do coronavírus - Projeta a evolução da transmissão comunitária da doença. O simulador mostra a linha de contágio do vírus com diferentes parâmetros, como o número de pessoas no ambiente, o número inicial de infectados, o percentual de confinamento social e a aquisição de imunidade de rebanho no tempo.
- Micro/nanocrédito comunitário – Aqui, a ideia é investir na Rede de Bancos Comunitários de Desenvolvimento já existentes (com ênfase no Banco do Preventório) para que desenvolva soluções de microcrédito (para produção) e nanocrédito (para consumo), bem como ações comunitárias como distribuição de cestas básicas.
- CovidBR: Uso de BI e geoprocessamento – Sistema de visualização do progresso da pandemia, utilizando técnicas de Business Intelligence com Analytics e de geoprocessamento, dando dados em tempo real sobre a pandemia.
PESSOA FÍSICA
- Aumento de disponibilidade do ventilador mecânicos – A iniciativa propõe o uso de uma válvula que controla o fluxo de oxigênio gerado pelo ventilador mecânico em duas saídas com regulagens diferentes, permitindo que um mesmo equipamento seja usado por dois pacientes com necessidades respiratórias individualizadas.
- Mandando a real sobre Covid-19 – Projeto de comunicação com informações estratégicas sobre a doença para a população nas periferias, com arte, linguagem e imagens mais representativas do seu entorno para prevenir contágios.
- Aplicativo para Cooperação em Saúde – App a ser desenvolvido para monitorar em tempo real a disponibilidade de leitos de UTI e de pessoal de saúde, permitindo alocar melhor os recursos de estados e municípios.
- App para acompanhar pacientes diagnosticados com Covid-19 – Seu resultado do teste de COVID-19 deu positivo: o que fazer? Para evitar idas desnecessárias ao médico e acelerar a busca por ajuda quando for preciso, a proposta é criar um aplicativo que traga informações precisas para os contaminados pelo novo coronavírus.
- Aproximando a comunidade a sua equipe de saúde por Whatsapp – já existe a ferramenta, e as informações estão disponíveis. O próximo passo? Reunir tudo em grupos com curadoria profissional e responsável. É essa a proposta desta iniciativa que idealizou grupos de Whatsapp entre agentes comunitários de saúde e moradores de uma região. O espaço servirá para compartilhar recomendações com base científica e combater fake news.
- Coronavirus, o jogo – Jogo educativo para jovens de 12 a 16 anos, com foco em periferias, mostra que informação correta e de qualidade não precisa ser chata e pode ser acessada mesmo com as medidas de isolamento social. O material já está desenvolvido e busca apoio para ser produzido em escala.
- Tecer Esperança – Por meio da produção de equipamento de proteção individual para profissionais da saúde feito por comunidades vulneráveis, duas pontas se unem: quem precisa de proteção e quem precisa de trabalho.
- HigienizAção – Pias comuns de assepsia em favelas por pedal levam a áreas carentes recursos básicos de higiene – água e sabão – cruciais para a luta contra a COVID-19.
Coronacidades.org oferece dados e ferramentas aos gestores públicos locais
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