O Pará, maior produtor de açaí do Brasil, está recebendo um projeto-piloto que visa aperfeiçoar a cadeia produtiva desse fruto que se mistura à cultura local. E que também poderá beneficiar a produção de outros produtos típicos da região amazônica, ao mesmo tempo que aprimora a oferta de Ensino Médio técnico.
O açaí pode ser considerado um símbolo da biodiversidade e da sustentabilidade da Amazônia. No Pará, maior produtor do Brasil, o fruto se mistura à cultura local. E é lá que um projeto-piloto está sendo implementado com o objetivo de aperfeiçoar a cadeia produtiva, desde a produção até a comercialização.
Desenvolvido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Técnico (Sectet) e a Fundação Itaú para Educação e Cultura, o curso AçaíTec tem como público principal pequenos produtores cursando Ensino Médio ou Educação de Jovens Adultos (EJA).
Ao longo de 800 horas, esta formação técnica cobre cinco áreas temáticas:
- Cadeia de valor do açaí: história e cultura da sociobiodiversidade amazônica – este módulo aborda questões como os diferentes tipos de açaí, os aspectos legais, gargalos e potencialidades da cadeia de valor, a saúde e a segurança de trabalhadores, entre outros temas.
- Produção e manejo sustentável: o módulo dá destaque para a integração do cultivo de açaí em sistemas agroflorestais.
- Qualidade e processamento: dentre os temas abordados estão a gestão da qualidade, gestão sustentável de resíduos e processamento para gerar produtos específicos para diferentes consumidores.
- Técnicas de gestão e organização, transporte e industrialização: inclui estudos sobre plano de negócios, planejamento de produção, cooperativismo e associativismo.
- Comercialização: conhecimentos sobre técnicas de venda, branding, mercados internacionais e exportação.
Um aspecto importante do AçaíTec é valorizar a experiência da comunidade e incentivar a busca por soluções específicas para o contexto local. Para assegurar essa perspectiva, o currículo foi elaborado a partir de um processo rigoroso e participativo, com entrevistas e workshops envolvendo especialistas, produtores locais e representantes de grandes indústrias.
Como resultado, a formação quer ir além de melhorar habilidades técnicas – a expectativa é reforçar a importância dos conhecimentos tradicionais associados ao cultivo do fruto, promovendo também técnicas e estratégias para um cultivo cada vez mais sustentável, profissional e lucrativo.
Duas turmas já foram realizadas nos municípios de Igarapé-Miri e Abaetetuba, no Baixo Tocantins, uma das principais regiões produtoras do estado do Pará. E a proposta é também alcançar estudantes que vivem em áreas remotas, por meio de um laboratório móvel que permitirá levar o conhecimento prático para comunidades ribeirinhas mais isoladas.
Formação em bioeconomia
O AçaíTec também deu origem a um segundo produto de educação técnica que tem potencial de contribuir para o aumento da sustentabilidade de outras cadeias de produtos espalhadas pelo Brasil.
A metodologia aplicada na elaboração do curso técnico sobre açaí serviu como base para o desenvolvimento de outro currículo voltado para bioeconomia. O público-alvo, neste caso, são estudantes com ensino médio completo e profissionais da agricultura, agroindústria, indústria florestal e outros.
Os conteúdos teóricos e práticos abrangem conceitos de bioeconomia e sustentabilidade, gestão ambiental, certificações de origem e qualidade, biotecnologia, empreendedorismo, marketing e comercialização, entre outros temas.
Além de uma contribuição para a conservação da biodiversidade e a preservação do meio ambiente, os cursos colocam a educação no centro de um processo que, ao mesmo tempo que valoriza os saberes tradicionais, estimula a inovação e fomenta alternativas econômicas para melhorar a qualidade de vida da população, especialmente jovens da região amazônica.
A iniciativa está alinhada ao Amazônia Sempre, nosso programa holístico guarda-chuva para o desenvolvimento sustentável da região, que tem entre seus pilares a bioeconomia e a economia criativa, para gerar produtos e serviços com valor agregado, e as pessoas, com foco na educação e em soluções inovadoras adaptadas às condições locais.
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