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Construindo um futuro digital mais confiável e seguro: o apoio do BID à agenda de cibersegurança no Brasil

06/01/2025 por Mariano Lafuente - Santiago Paz - Martina Bergues Deixe um comentário


De acordo com o Global Risk Report de 2024 do Fórum Econômico Mundial, os ciberataques estão entre os cinco riscos mais prováveis de causar uma crise em escala global. O apagão cibernético de julho deste ano, que afetou diversos serviços essenciais ao redor do mundo, evidenciou a extensão e o alcance potencial das falhas de cibersegurança.

No Brasil, onde a digitalização da economia e do setor público avança rapidamente, os riscos cibernéticos evoluem em ritmo acelerado, podendo abranger desde interrupções em serviços essenciais até o vazamento de dados pessoais. Essa complexidade exige que estratégias e políticas coordenadas sejam desenvolvidas para tornar a transformação digital confiável e segura para todos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem se consolidado como um parceiro estratégico, oferecendo apoio significativo para fortalecer a cibersegurança em todos os níveis federativos. Esse trabalho tem quatro pontos fundamentais:

  1. Cibersegurança como um “esporte” coletivo. A cibersegurança precisa ser um esforço colaborativo, com coordenação e compartilhamento de informações entre diferentes órgãos. O BID busca apoiar de forma transversal e incentivar a colaboração nos níveis nacional, federativo e internacional.
  2. Investimento em governo digital deve incluir cibersegurança. Projetos de transformação digital no governo devem ser acompanhados de investimentos em cibersegurança. Em programas de governo digital apoiados pelo BID atualmente em execução, cerca de 18% dos recursos estão destinados a iniciativas voltadas ao fortalecimento da cibersegurança e proteção de dados.  
  3. Cibersegurança como um esforço integrado. Investir em cibersegurança vai muito além da simples aquisição ou desenvolvimento de ferramentas. Trata-se de um esforço abrangente que envolve governança, desenvolvimento de equipes, capacitação de pessoas e otimização de processos e normas.
  4. Conhecimento para construir capacidades. Desenvolver e compartilhar conhecimento avançado é um pilar central da proposta de valor do BID. Esse foco é especialmente relevante na área de cibersegurança, uma vez que o conjunto de informações e as evidências sobre o tema ainda são recentes e precisam ser ampliadas.

Abordagem integrada no apoio à agenda de cibersegurança

Nos últimos 5 anos, o BID tem liderado uma agenda robusta e integrada para fortalecer a cibersegurança no Brasil. Atuando de forma coordenada com o Governo Federal, os estados e outros atores estratégicos, o BID combina investimentos na área, assistência técnica, e produção de conhecimento prático para aprimorar as capacidades cibernéticas do país.

Principais pilares dessa atuação:

  • Investimentos em cibersegurança na Linha de Crédito Condicional Brasil Mais Digital

O Brasil Mais Digital integra investimentos estratégicos em cibersegurança em todos os projetos focados em governo digital. As operações incluem o desenho de estratégias para estados, implementação de Centros de Operações em Cibersegurança (SOC) e desenvolvimento de habilidades relacionadas à segurança cibernética nas equipes. Esse conjunto de ações busca aumentar o número de incidentes detectados e processados, fortalecendo a capacidade de resposta do país.

  • Assistência Técnica para o fortalecimento das capacidades cibernéticas do país

Com o apoio dos Governos do Japão, por meio do Japan Special Fund, e da Coreia, a partir do Korea Fund for Economic Development, o BID oferece suporte técnico aos principais atores governamentais responsáveis pela agenda de cibersegurança no Brasil:

  • a. Apoio à Secretaria de Governo Digital do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (SGD/MGI)

Em parceria com a Secretaria e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), o BID apoiou a criação do Centro Integrado de Segurança Cibernética do Governo Digital (CISC GOV.BR). Lançado em dezembro de 2022, o CISC GOV.BR coordena operacionalmente ações de prevenção, tratamento e resposta a incidentes cibernéticos dos 238 órgãos federais pertencentes ao Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP).  Além disso, o BID também contribuiu com a conceitualização do Centro de Excelência em Privacidade e Segurança da Informação do Governo Digital (CEPS GOV.BR), um hub de capacitação e disseminação da cultura de cibersegurança inaugurado em abril deste ano.

  • b. Apoio ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI)

O relatório “Evolução das Estratégias de Cibersegurança: Análise do Cenário Regional e Global“ compara 43 estratégias de 19 países e identifica as tendências globais das estratégias de cibersegurança. O material foi elaborado pelo BID a partir de um pedido do GSI, para servir como subsídio ao processo de atualização da Estratégia Nacional de Cibersegurança. Também produzimos um estudo sobre as estruturas organizacionais de seis agências de cibersegurança de diferentes países, como forma de apoiar o debate nacional sobre arranjos institucionais de governança em cibersegurança.

No âmbito da coordenação federativa, apoiamos a articulação entre o GSI e os estados brasileiros por meio do GTD.GOV, promovendo alinhamento estratégico entre diferentes níveis de governo. E, para fortalecer o diálogo e a troca de experiencias, contribuímos para a organização do primeiro “Encontro Internacional de Cibersegurança: Construindo um Futuro Digital Confiável”, que reuniu em Brasília representantes de dez países.   

Foto: Djalma Martins, Ascom/GSI/PR

  • c. Apoio ao Subgrupo de Segurança Cibernética do Grupo de Transformação Digital dos Estados (GTD.GOV)

O BID tem se sido o principal patrocinador do Subgrupo de Segurança Cibernética do GTD.GOV, uma iniciativa que reúne gestores das secretarias de estado e das companhias de processamento de Tecnologias da Informação e Comunicação e que já organizou webinários internacionais com especialistas da Espanha, Coreia do Sul e Reino Unido, fez um mapeamento das configurações organizacionais e arranjos institucionais em cibersegurança das unidades federativas, além de promover diálogos de coordenação entre os estados e o governo federal, visando fortalecer o compartilhamento de informações.

Saiba mais sobre a atuação do BID em cibersegurança:

  • 2020 Cybersecurity Report: Risks, Progress, and the Way Forward in Latin America and the Caribbean
  • Protecting Digital Healthcare – A Cybersecurity Guide for the Healthcare Sector
  • Outras publicações do BID sobre o tema

Arquivado em:Ciência e tecnologia, Gestão pública Marcado com:cibersegurança, setor público, tecnologia

Mariano Lafuente

Mariano Lafuente é Especialista Principal em Modernização do Estado no BID, onde trabalha nas áreas de gestão de recursos humanos na Administração Pública, reformas de centro de governo e Delivery Units. Antes de seu trabalho no BID, Mariano trabalhou como especialista em gestão pública no Banco Mundial. É bacharel em Ciências Políticas pela Universidade Católica da Argentina e mestre em Políticas Públicas pela Universidade de Maryland.

Santiago Paz

Santiago Paz é Especialista Setorial em Cibersegurança, atuando em projetos e colaborando com os países da região no desenvolvimento de capacidades. Foi Diretor de Segurança da Informação na Agência de Governo Digital do Uruguai (AGESIC), tendo fundado o CERT Nacional e elaborado o sistema de assinatura e identificação eletrônicas. Formado em Engenharia de Telecomunicações com mestrado em Segurança Informática, também tem certificado de Auditor de Sistemas de Informação pelo ISACA (Cisa). Realizou cursos executivos sobre o tema nas Universidades Internacional da Flórida, Hebraica e Harvard. É autor de textos sobre cibersegurança publicados por IEEE, OEA e BID.

Martina Bergues

Martina Bergues é Consultora em Governo Digital no Banco Interamericano de Desenvolvimento, com foco na agenda de transformação digital do Brasil. Anteriormente, trabalhou como Diretora de Serviços Digitais na Prefeitura de São Paulo. Possui MPA em Desenvolvimento Internacional pela Universidade de Princeton e Mestrado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas. Argentina de origem, cresceu no Brasil.

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