Conhecido por seu amor às ciências e interesse genuíno por culturas diversas, literatura e plantas, D. Pedro II foi o governante mais longevo do Brasil: assumiu oficialmente o poder aos 15 anos e reinou por quase meio século – 49 anos mais precisamente.
Ao longo de seu reinado, D. Pedro II confrontou-se com muitos problemas que seguem desafiando as autoridades públicas até os dias de hoje, como a falta de saneamento básico, surtos de doenças tropicais e até o tema que mais preocupa os brasileiros, em particular os da região sudeste, na atualidade: a seca prolongada e a consequente falta de água.
Em meados do século XIX, o Rio de Janeiro, então capital imperial, foi castigado por uma seca prolongadíssima. E como o passado parece se repetir no presente, o Rio também sofria com a superpopulação (o número de habitantes explodiu quando a cidade virou centro de poder da noite para o dia), ocupação desordenada das áreas de mananciais e desmatamento, à medida que o café avançava sobre a Mata Atlântica.
Para lidar com o problema, o imperador ordenou o reflorestamento e proteção dos mananciais na área hoje conhecida como a maior floresta urbana do mundo, o Parque Nacional da Tijuca. Tomada há mais de 150 anos, a decisão de D. Pedro II tem sido revisitada e saudada como visionária nesse momento em que periga faltar água em algumas das regiões mais urbanizadas do país. O reflorestamento da área foi fundamental para que a Tijuca voltasse a cumprir um de seus papeis, armazenar agua da chuva.
Já a decisão de desapropriar e proteger terrenos próximos aos mananciais também se mostrou acertada e vem sendo adotada com êxito em regiões que lidam com o desafio do abastecimento, caso de Nova York. Há décadas, a prefeitura vem comprando terras em volta das represas para garantir água limpa e abundante para a população.
Antes mesmo que conhecêssemos mais detalhadamente termos como mudança climática, preservação do meio ambiente e sustentabilidade, D. Pedro II já demonstrava que a preservação e o respeito à natureza são políticas públicas de efeito mais que comprovado. Se há um lado positivo na atual crise hídrica, é que temos mais uma vez a oportunidade de resolver o problema valorizando um de nossos maiores patrimônios: o meio ambiente.
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