Carlos Guaipatín*
Até meados do século XX aqueles que sofriam de hidrocefalia morriam. Tudo mudou quando um engenheiro com um filho com hidrocefalia se deu conta de que se tratava de um problema hidráulico que poderia ser resolvido mediante a implantação de uma válvula. Esta inovação surgiu por uma casualidade de que quem tinha o problema era a mesma pessoa que poderia resolvê-lo. Por que não proporcionar, mediante políticas públicas, mais casualidades como esta?
A inovação é elitista. Os inovadores geralmente vivem no mundo do conhecimento e tem acesso a recursos e redes. E assim, podem empreender e se fracassam, sua qualidade de vida não é afetada. Geram riqueza, mas também existe outra realidade em que as pessoas têm menos recursos e enfrentam problemas complexos que poderiam ser atendidos por este mundo do conhecimento.
O Laboratório de Inovação do BID surge da constatação de que existem problemas que poderiam ser resolvidos se fossem visíveis para aqueles que podem atendê-los. Os leitores desta entrevistas e eu podemos ter o mesmo problema, mas se não nos conectamos não teremos a capacidade de criar uma massa crítica que chame a atenção das empresas e dos governos.
A Inovação social busca impacto social e requer o envolvimento dos beneficiários ao processo – aqueles que vivem os problemas – porque têm um conhecimento com uma capacidade assombrosa de gerar riqueza.
A inovação social requer apoio público. Para desenhar soluções para os problemas sociais complexos, o setor público necessita gerar incentivos capazes de mobilizar o conhecimento e as capacidades que estão nas universidades e nas empresas.
Sem inovação é impossível que haja desenvolvimento. Em geral em qualquer lugar e na América Latina em particular. É preciso inovar primeiro para identificar os novos desafios que aparecem constantemente para depois atendê-los. É fundamental seguir gerando soluções novas e ter uma cidadania proativa. As revoluções tecnológicas geram revoluções sociais.
Já vimos como comunidades virtuais conseguiram se transformar em grupos de pressão. Os dias em que se desenham políticas públicas sem o envolvimento dos cidadãos estão contados. Melhor começar a trabalhar com eles.
*Carlos Guaipatín é coordenador do Laboratório de Inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Este texto foi originalmente publicado no jornal El Mundo.
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