A auditoria interna e a inovação andam lado a lado? Quando pensamos em inovação, por que quase ninguém pensa em um auditor interno?
A ideia de relacionar um auditor interno à inovação não está presente no imaginário coletivo. Apesar dos esforços da profissão, continua prevalecendo a imagem tradicional da figura do auditor interno muito focada em questões financeiras, ancorada em questões de compliance.
No entanto, há quatro elementos que mostram que o vínculo entre auditoria interna e inovação está mais estreito do que se imagina: diversidade, articulação no nível organizacional, aprendizado contínuo e curiosidade.
1. Diversidade
A diversidade é um elemento fundamental para a inovação, pois permite que ideias fora da caixa tenham espaço e sejam ouvidas. Nesse sentido, as equipes de auditoria interna geralmente são ricas em diversidade por terem equipes multidisciplinares, com uma variedade ampla de habilidades profissionais que, por fim, servem para prestar serviços de assessoria e garantia em múltiplas áreas, já incluindo componentes já inerentes a novas tecnologias e riscos não financeiros.
Nosso trabalho exige que o auditor interno seja não apenas um especialista em sua própria auditoria ou questões financeiras, mas também conheça os processos de negócios em diferentes níveis da organização, bem como o que está acontecendo fora da organização. Tudo isso, juntamente com o pensamento crítico construtivo, dá ao auditor a capacidade de detectar tendências e possíveis oportunidades e riscos.
2. Articulação no nível organizacional
Nossa narrativa de inovação é trabalhar com interseções. É nelas que as soluções mais inovadoras são produzidas e onde os silos são quebrados.
Do lado consultivo, somos cada vez mais chamados a participar de questões inovadoras desde o início e isso nos possibilita ter uma perspectiva organizacional independente e objetiva na tomada de decisões. Atuamos antes, para acompanhar processos inovadores, e não quando tudo já está feito.
Nesse sentido, revisamos riscos relacionados à ética da tecnologia, novas transformações digitais, processos de gestão de mudanças, entre outros. Sempre com o objetivo de contribuir para melhorar o valor da organização e analisar como estão sendo gerenciados os riscos que podem afetar sua reputação. Obviamente, a segurança total não existe, o risco zero é descartado; trata-se de dar uma perspectiva diferente sobre governança e controle, e de estar o mais preparado possível para os riscos. Os auditores estão muito cientes de que não inovar é o maior risco, pois pode destruir valor na organização.
Do lado da garantia, nosso trabalho é levado em conta para verificar se as organizações continuam funcionando de forma eficiente e eficaz. Em cada auditoria observamos como as coisas são feitas do início ao fim, analisamos todas as informações disponíveis, questionamos o status quo, associamos ideias aprendidas em outras áreas da organização e articulamos as últimas tendências fora da organização.
A articulação no nível transversal permite a criação de soluções e conhecimentos que, se trabalhados em silos, seriam impossíveis. Essa articulação se reflete na capacidade de trazer parceiros para a mesa e olhar além do que nossa organização ou nossos concorrentes fazem. Nesse sentido, a pandemia só acelerou o processo de inovação, elemento-chave do nosso trabalho que já havia sido lançado muito antes de 2020.
3. Aprendizado contínuo
Neste cenário, o treinamento e a aprendizagem contínua são nossos fiéis companheiros. Aprendemos a auditar tópicos de auditoria interna não tradicionais, como a revisão de riscos não financeiros. Da mesma forma, evoluímos muito em questões tecnológicas para fazer nossas auditorias, com metodologias de análise de informações, bem como fazendo relatórios mais visuais, claros e focados sobre o futuro. Também trabalhamos como prioridade para desenvolver soft skills como a negociação, a capacidade de pensar criticamente, influenciar e comunicar questões complexas de forma concisa e clara.
4. Curiosidade
Auditores internos são curiosos por natureza. A forma como abordamos nosso trabalho pode ajudar a estimular processos inovadores nas organizações. Nossos clientes são os que sabem melhor o que precisa ser aprimorado, o que acontece é que as responsabilidades do dia a dia muitas vezes não deixam espaço para pensar e explorar coisas novas.
Uma auditoria bem-feita oferece este espaço. Questionar o que fazemos e como fazemos é uma ferramenta fundamental para gerar valor nas organizações. Fazer perguntas poderosas gera curiosidade, estimula conversas pensativas, traz à tona suposições subjacentes, convida à criatividade e evoca mais perguntas.
Inovação dentro da Auditoria
A natureza do trabalho de auditoria evoluiu muito ao longo do último ano, com os temas e o escopo da auditoria mudando para se adequar aos tempos. Na verdade, é um ótimo momento para tentar abordagens inovadoras à medida que a tolerância ao risco aumenta em momentos como esses, algo que dá ainda mais licença para experimentar coisas novas. É o que a Deloitte, por exemplo, chama de “imperativo de inovação para auditoria interna“. Um imperativo que está aqui para ficar e se consolidar.
Assim, e depois de analisar esses aspectos, torna-se mais evidente que a auditoria interna e a inovação andam lado a lado. A prova dessa relação, na qual trabalhamos todos os dias, é, por exemplo, o fato de que um colega do Escritório de Auditoria Interna do Grupo BID se mudou recentemente para trabalhar no departamento de inovação da organização. Um sinal de nosso compromisso fundamental com a inovação em todos os seus aspectos.
Para nós, a inovação não é apenas mais um ingrediente do nosso trabalho, mas é um pilar do nosso trabalho, sempre com o objetivo primordial de contribuir para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe.
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