Bonito, a cidade de nome autoexplicativo que abriga de rios cristalinos a animais sob o risco de extinção, foi recentemente eleita o destino de turismo mais sustentável do mundo. A honraria foi concedida pelo World Responsible Tourism Awards, iniciativa patrocinada pelo Ministério de Turismo de Omã que, em edições anteriores, já havia premiado a sul-africana Cidade do Cabo e a norte-americana Aspen, entre outras. Bonito venceu na categoria que premia práticas de turismo responsáveis, que minimizem o impacto sobre o meio ambiente[1].
Como tantos outros destinos paradisíacos brasileiros, a sul-mato-grossense Bonito ganhou notoriedade após aparecer em um programa de televisão. Com a fama, o número de visitantes explodiu e o temor de que o paraíso poderia desaparecer instalou-se.
Mas Bonito tem escapado da sina de degradação que já descaracterizou várias atrações turísticas de nosso país. A cidade desenvolveu um sistema de vouchers para limitar o número diário de visitantes aos seus pontos turísticos. Só tem acesso aos passeios quem tiver se cadastrado em uma das agências de turismo locais, que não podem vender mais que o determinado pelas autoridades. Foi esse sistema que impressionou os jurados do World Responsible Tourism Awards.
Além da cidade sul-mato-grossense, a pernambucana Fernando de Noronha é outra que limita o número de visitantes. O arquipélago cobra uma taxa de administração diária dos turistas, cujo valor dobra caso eles permaneçam no destino além do período previamente agendado.
Tanto Noronha quanto Bonito tem sido bem sucedidas na manutenção de suas belezas naturais, mas também estão entre os destinos turísticos mais caros do país, o que levanta a questão: a sustentabilidade tem preço?
Uma rápida pesquisa em sites de agências de viagem parece sugerir que a resposta à pergunta acima é sim. Enquanto pacotes para destinos tradicionais do litoral brasileiro chegam a ser oferecidos por cerca de R$ 1 mil (partindo-se de São Paulo), viagens para Noronha e Bonito custam pelo menos três vezes mais.
As experiências das duas cidades apontam um caminho para a exploração do amplo potencial turístico do Brasil. Quanto aos preços, é preciso certificar-se de que o custo maior traduza-se em melhorias e/ou compensações para a população local.
[1] O Brasil também foi diretamente beneficiado na premiação de cunho mais social, já que a ONG holandesa TUI Nederland, que combate a exploração sexual de crianças no nordeste do país, recebeu, além do prêmio geral, o de melhor proteção infantil.
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