Tirar a população de baixa renda das longas filas de espera dos hospitais públicos. De que maneira? Por meio da tecnologia. Eis o objetivo da Plataforma Saúde, serviço que leva enfermeiros com kits de exames para comunidades. Ao custo de R$ 20, e em menos de 20 minutos, é possível saber se o examinado sofre de enfermidades como diabetes, por exemplo. Tales Gomes, um dos fundadores do negócio, sonha expandi-lo por toda a América Latina. Um dos selecionados para participar do Demand Solutions, evento do BID dedicado à ideias que melhoram a qualidade de vida, Tales explica as motivações e os desafios que enfrenta.
1) Por que você decidiu ser um empreendedor social?
Sempre tive vontade de empreender, por interesse pessoal e influência de exemplos na família. Mas abrir um negócio apenas para ganhar dinheiro nunca fez sentido pra mim. Faltava algo. O empreendedorismo social representa para mim a oportunidade de dar propósito a atuação do empreendedor. Não é preciso escolher entre lucro ou impacto, é possível ficar com os dois, e essa é minha escolha. O empreendedor social encontra uma forma de ter lucro e impacto. Ele é um agente de mudança, questionador e inconformado com o status quo por natureza.
2) Quais os maiores obstáculos que você enfrenta para empreender?
Investimento social ainda é pouco difundido no Brasil. Existem doações para ONGs e existem linhas de financiamento para pequenas empresas. Os negócios sociais ficam no meio do caminho, com acesso limitado a doações, por visarem também o lucro, e com desafios de gestão equilibrada das finanças, por terem margens pequenas, as quais chamamos de “fair profit”. Não são margens exorbitantes, são justas. Um dos maiores obstáculos, portanto, é encontrar este modelo de negócios ideal, que tenha no lucro justo um aliado para a sustentabilidade do negócio. Porque se ele é sustentável, mais pessoas poderão ser impactadas.
3) Onde você imagina o seu negócio daqui a 5 anos?
O desafio das doenças crônicas não é exclusivo do Brasil. De acordo com a Clinton Foundation, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) impactam mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, sendo que 250 milhões moram em favelas e comunidades de baixa renda, sem acesso a serviços básicos de saúde. Por isso, queremos levar o Plataforma Saúde para outros países, principalmente para os vizinhos latino-americanos e para a África. Em cinco anos, imagino o negócio social impactando a vida de milhões de pessoas pelo mundo, contribuindo para que elas vivam mais e melhor.
4) Que dica você daria para quem quer ser um empreendedor social?
Empreender no Brasil já é um grande desafio. Aliar lucro e impacto social no empreendedorismo é ainda mais complexo. Para empreender é preciso ter coragem para enfrentar os obstáculos e não parar na primeira adversidade. Acredito que existam muitas dicas úteis para aspirantes a empreendedor social. E as mais importantes para mim são:
1: não se desvie da sua missão; 2: erre rápido testando suas hipóteses para voltar ao mercado com seu produto aprimorado; 3: mensure o impacto de todas as suas iniciativas.
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