Declarada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco, a Chapada dos Veadeiros é um daqueles destinos mágicos que só contribuiu com a reputação do Brasil como um dos países mais belos do mundo. Repleta de cachoeiras para todos os gostos, formações geológicas únicas, vegetação exuberante e abrigo natural para aves como a seriema, a Chapada fica a cerca de três horas de Brasília. Chegar lá, contudo, não é tarefa fácil para quem não tem automóvel. As opções de transporte público são bastante limitadas ou quase inexistentes se a intenção for se hospedar na Vila de São Jorge, entrada para o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
A dificuldade de chegar a Chapada, porém, pode ser resolvida por meio das redes sociais. Com mais de 22 mil membros, a página Conexão Chapada-BSB promove a oferta e troca de caronas entre quem vai de Brasília para a Chapada e vice-versa. A solução é uma demonstração de como a sociedade pode valer-se da tecnologia para resolver problemas coletivos como a falta de transporte.
Para que a página não fuja de seu propósito, Ivan Anjo Diniz, o idealizador e organizador da Conexão Chapada-BSB, estabeleceu algumas regras: os posts devem ser apenas sobre oferta e solicitação de caronas; permite-se que os participantes peçam ou ofereçam contribuições para o combustível, mas não são aceitas postagens de agências de viagem e/ou transporte nem qualquer outra publicação que não tenha a ver com o objetivo da página. Além disso, para facilitar a comunicação, sugere-se que a postagem comece com “Ofereço carona de x para y” ou “Busco carona de y para x”.
Reprodução: Conexão Chapada-BSB
Minha experiência com a Conexão Chapada foi extremamente positiva. Manifestei interesse em ir de Brasília para a Chapada e consegui uma vaga no carro de duas amigas paulistas que alugaram um carro no aeroporto Juscelino Kubitscheck. Ali nos encontramos e rumamos para a vila de São Jorge. Para retornar a Brasília, também consegui transporte por meio da página, desta vez com um morador que se divide entre a pequena vila e a capital federal. Fiquei impressionada com como tudo se resolveu de forma simples e prometi a mim mesma oferecer carona quando voltar para aquela região – bem, essa é outra promessa, voltar à Chapada.
A página de caronas ou transporte solidário é apenas um exemplo de como utilizar as redes sociais como alternativa a falta/inadequação de políticas públicas. Recentemente tratamos aqui no blog da experiência do Cisternas Já, um movimento de cidadãos que promovem a cultura do armazenamento de água da chuva para que utilizemos de forma mais sustentável esse recurso natural que está longe de ser infinito.
Em tempos em que as redes sociais muitas vezes são utilizadas para a disseminação de preconceitos ou para o agendamento de brigas entre torcidas de futebol, é interessante ver que elas também são uma ferramenta importante na organização da vida em sociedade e do fortalecimento dos laços de confiança entre os brasileiros, premissa para que a página de caronas para a Chapada funcione. A moral da história é que as redes sociais não são o demônio que muitos pintam; quem decide o bem ou o mal que ganha amplitude por meio delas somos nós.
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