Maysa Provedello e Huáscar Eguino*
O tema “melhoria das cidades” vem ganhando espaço na vida de todos nós ano a ano. Aparece em discussões televisivas, nas redes sociais, em artigos de jornais e também nas salas das universidades. Existe hoje um verdadeiro mar de opiniões, pesquisas, conhecimentos adquiridos a esse respeito. Mas, em meio a tudo isso surge algumas perguntas: na prática, o que fazer para que tantas ideias realmente funcionem? O que pode dar certo e o que pode ser considerado um caminho de sucesso?
Pensando nisso, mergulhamos por cerca de um ano nas experiências acumuladas pelo Procidades (um mecanismo de crédito a municípios lançado pelo BID, em 2006) para elaborar um resumo de lições aprendidas nos projetos executados em oito municípios brasileiros.
O interessante desse trabalho – intitulado Cidades em transformação: Experiências de desenvolvimento urbano no Brasil apoiadas pelo Procidades -, é que nós utilizamos apenas as observações das pessoas envolvidas diretamente na preparação e execução de cada projeto. Lemos tudo o que escreveram nos relatórios finais e fomos até lá para conversar de novo com cada um.
A partir dessa experiência e insights selecionamos quatro lições que podem ser usadas como guias para novos projetos:
Participação efetiva da comunidade
Sem dúvidas, entre as principais lições aprendidas, aquela que nos mostra que a participação efetiva da comunidade durante o planejamento, a execução e o uso das obras de infraestrutura garante mais sustentabilidade a esses projetos de melhoria urbana.
Adoção de projetos integrados
Já está mais do que provado que uma iniciativa só resolve muito pouco os problemas urbanos. Por exemplo, uma ciclovia que não esteja integrada ao plano viário municipal, ou a construção de um novo bairro que não conte com escolas e postos de saúde, custam caro e deixam o nível de solução de problemas muito aquém do necessário.
Aplicação de um enfoque de sustentabilidade
Uma das lições mais importantes é que os projetos não só devem responder a necessidades atuais, mais também podem ser utilizados para gerar as condições para a sustentabilidade de uma cidade tanto em termos urbanos, ambientais como fiscais.
Ter um parceiro externo
Uma parceria entre uma instituição de desenvolvimento, como o BID, e as gestões locais podem gerar frutos muito mais sofisticados do que apenas as obras esperadas nos projetos de infraestrutura. As chances de o projeto funcionar aumentam quando ideias são potencializadas com conhecimento e apoio técnico adequados.
Pelo que percebemos, ao vivo e em cores, é que sem a participação cidadã, provavelmente o uso dos espaços públicos planejados não seriam exatamente aqueles que fariam que os moradores efetivamente se apropriassem dos equipamentos em sua totalidade. Hoje, os espaços antes esquecidos viraram áreas de convivência e lazer e aumentaram o dinamismo comercial nas regiões onde estão localizados, anteriormente penalizadas pelo abandono.
Convidamos você para conhecer um pouco mais sobre esse projeto integrado que usa a participação cidadã como aliada. Faça o download gratuito, em português, do relatório, clique aqui.
*Maysa Provedello é jornalista e mestre em Estudos do Desenvolvimento pela London School of Economics and Social Science, de Londres. Desde 1999, é editora de conteúdos voltados para o Desenvolvimento Humano, Econômico e Ambiental. Atua também como estrategista em comunicação para clientes no Brasil e no exterior, criando e implementando ações de comunicação e mobilização.
* Huáscar Eguino é economista e mestre em Desenvolvimento Local e Regional pelo Institute of Social Studies, The Netherlands. Desde 1998 trabalha no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) come especialista em gestão municipal e desenvolvimento territorial. Atualmente trabalha no escritório do BID em Washington DC, dedicando a maior parte de seu tempo aos temas de geração de capacidades institucionais e financeiras nos governos subnacionais do continente.
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