Cristiano Ferri é o Coordenador do Laboratório Hacker da Câmara dos Deputados
O LabHacker no parlamento brasileiro foi criado, em dezembro de 2013, a iniciativa teve como base a demanda de participantes da Maratona Hacker (Hackathon) de outubro de 2013, ocorrida na Câmara e desde a sua criação experiências interessantes tem sido observadas. Mas, um hackerspace no Parlamento brasileiro? Sim. Por que não?
Penso que, mais do que a criação de aplicativos em si, o objetivo maior de atividades hackers em prol da cidadania, como maratonas hackers, hackdays e coisas assim, é a formação de uma rede de colaboração entre os diversos atores que podem contribuir na construção de projetos destinados a melhorar o entendimento sobre o trabalho legislativo, e facilitar a interação da sociedade com os parlamentares.
Então, aqui estão alguns das soluções e resultados mais significativos das atividades hacker e, em especial, do LabHacker do parlamento brasileiro desde seu lançamento em 2013:
1 Portal e-Democracia: o cidadão participando do processo legislativo
Os deputados têm, pouco a pouco, abraçado a interatividade virtual, por meio do Portal e-Democracia, uma plataforma da Câmara sob a gestão do Laboratório Hacker.
Por ser uma ferramenta flexível, o Portal permite várias formas de interação, de acordo com o objetivo legislativo-político dos parlamentares. Assim, a ferramenta Wikilégis, por exemplo, permite aos cidadãos discutir e propor alterações em projetos de lei, por dois caminhos: fazendo comentários ou sugerindo uma nova redação, artigo por artigo. Projetos de lei como o Estatuto da Juventude, o Marco Civil da Internet e o Código de Processo Civil, por exemplo, foram construídos por meio do crowdsourcing realizado no portal.
Além disso, comunidades virtuais, fóruns de discussão, enquetes inteligentes (baseadas no AllOurIdeas), chats e conexão com redes sociais formam o menu de possibilidades de interação no e-Democracia.
2 Hackathons e Hackdays
O LabHacker também é responsável pela organização de eventos hacker como o “Hackathon de Gênero e Cidadania” ocorrido em 2014 e em parceria com a Secretaria da Mulher e Banco Mundial. O evento contou com 165 inscrições e com a apresentação de 75 projetos. Desse total, foram selecionados 46 candidatos e 19 projetos para serem desenvolvidos durante uma semana em Brasília.
3 Retórica parlamentar
Ao longo do tempo, outras aplicações são desenvolvidas pela própria equipe do LabHacker, em colaboração com a comunidade hacker, a exemplo do Retórica Parlamentar, que foi apresentado por um grupo de participantes da primeira Maratona Hacker da Câmara em 2013. O aplicativo que faz uso dos dados abertos da Câmara dos Deputados para analisar e criar visualização dos principais temas presentes nos pronunciamentos dos deputados. O APP busca promover a transparência do mandato e fornecer subsídios para o controle social com a divulgação dos temas mais debatidos em Plenário da casa.
4 Mapa dos projetos de lei
A aplicação visa mapear os projetos de leis mais vistos pelos usuários dentro de determinado período de tempo na página do portal do parlamento e, assim, facilitar a identificação do interesse do cidadão em relações às matérias em discussão na casa.
5 Painel social
Outro aplicativo interessante é o Painel Social, em que apresenta uma visualização simplificada e sintetizada dos principais assuntos relacionados ao Legislativo, discutidos pelos cidadãos nas redes sociais. O projeto faz a avaliação das postagens dos últimos três dias referente a determinadas hashtags e cria visualizações para sintetizar o foco das discussões.
Graças a instrumentos como esses, vamos construindo valores de maneira colaborativa, de modo a diminuir as tensões entre sociedade e Parlamento. Afinal, antes de sermos hackers, parlamentares ou servidores públicos, somos todos cidadãos.
Que outras aplicações saber que a ajuda a interação com assuntos parlamentares?
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