*James P. Scriven
Parando para olhar para o Brasil e o cenário político e econômico que se instalou no último ano no país, diríamos que se trata de um ambiente um pouco inóspito para a realização de novos negócios e novos investimentos. Estamos falando de um país que atravessa um processo político conturbado e ainda enfrenta um período de recessão econômica com altas taxas de desemprego e baixo crescimento. Mas será esse o jeito mais sagaz de olhar para a maior economia da América Latina? Em entrevista concedida para a BNamericas falo um pouco dos planos da CII e como enxergamos de fato o cenário de investimentos no Brasil.
É fato que, na região, o Brasil está entre os mercados mais ativos, juntamente com México, Chile, Peru, Colômbia e Argentina, nesta ordem. E mesmo em um cenário de crise, investidores financeiros que conhecem o país têm investido maiores volumes agora do que em épocas menos voláteis. Estes “investidores do contra” enxergam oportunidade na aquisição de companhias de baixo valor e estimam maior retorno na retomada do crescimento. O governo brasileiro também tem sido bem-sucedido em iniciativas para atrair investimentos internacionais, como as licitações nos aeroportos de Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis e vem mantendo a estabilidade do cenário econômico, com uma inflação em 4%, o que possivelmente permitirá uma redução a taxa de juros e um consequente aumento do PIB pela primeira vez em 3 anos.
A CII estima investir na região mais de US$ 5 bilhões (US$ 3 bilhões de investimento próprio e US$ 2 bilhões em mobilização de financiamento de terceiros). Certamente, o maior volume de operações da Corporação em 2017 vem do Brasil. O país possui cerca de 470 projetos em estágio inicial nas áreas de mineração, óleo e gás, água e saneamento, energia elétrica e setores de infraestrutura que requerem um investimento de mais de US$ 211 bilhões nos próximos 10 anos, em um momento em que os governos enfrentam restrições para financiá-los.
Neste cenário, estamos trabalhando para mitigar riscos e expandir o papel da CII no financiamento de projetos em toda a América Latina. Além das Parcerias Público-Privadas (PPPs), que devem diminuir em 2018 no Brasil, Chile e Colômbia devido ao ano eleitoral, estamos injetando dinheiro em projetos sólidos em países-chave da América Latina e Caribe por meio de novos instrumentos financeiros. Por exemplo, por meio de nossas estruturas de B-Bond, somos capazes de atrair participação de investidores institucionais em projetos de infraestrutura, securitizando projeto de dívida e colocando emissões em mercados privados. Temos garantias de crédito total em pelo menos três projetos no Brasil para emissão de debêntures de infraestrutura. As melhorias de crédito e as facilidades de liquidez também estão em desenvolvimento para aumentar a participação do mercado de capitais local e internacional no financiamento de infraestrutura e além disso, também estamos expandindo nosso financiamento em moeda local.
Assim, devemos acreditar que estamos olhando para as oportunidades de maneira equivocada e que existem alternativas e oportunidades de investimentos ainda inexploradas e com significativo potencial.
Leia a entrevista completa: https://www.bnamericas.com/en/interviews/banking/james-p-scriven-inter-american-corporacion-interamericana-de-inversiones-/ (entrevista disponível para assinantes da BNamericas)
*James P. Scriven é CEO da Corporação Interamericana de Investimentos (CII).
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