Verónica Alaimo*
Hoje se celebra nos Estados Unidos o Dia de Ação de Graças, uma das festas familiares mais importantes do país. Famílias e amigos se reúnem para compartilhar e “dar graças” desfrutando de comidas típicas desta época. Mas por que falar em Ação de Graças em um blog sobre políticas públicas para uma vida melhor? Porque há cada vez mais evidência da relação entre gratidão, felicidade e produtividade no trabalho.
Em termos de economia mundial, existe uma relação positiva entre satisfação no trabalho e renda per capita dos países (BID, 2008). Este resultado surge de uma estimativa da correlação entre o nível de satisfação no trabalho em uma pesquisa de opinião da Gallup (medida subjetiva) e o nível do Produto Interno Bruto per capita de cada país. Não existe informação suficiente para determinar uma casualidade entre estas variáveis, mas sim para afirmar que há uma relação positiva entre ambas, e que é estatisticamente significativa.
Contudo, tratando-se de pessoas, há evidência de que a relação vai de gratidão (passando por bem estar e felicidade) a produtividade, e não o contrário. Expressar gratidão melhora as relações no ambiente de trabalho, reduz os conflitos e aumenta os níveis de satisfação. Shawn Achor, professor da Universidade de Harvard e autor do livro “A felicidade como vantagem”, revela que as pessoas felizes são 31% mais produtivas que as pessoas negativas.
Em seu vídeo TedTalk “The happy secret to better work” (com legenda em espanhol), Ancho diz que em geral se espera que o êxito no trabalho leve à felicidade, quando na realidade esta relação é ao contrário. Um estudo feito com estudantes de Harvard identificou que 75% do êxito no trabalho é explicado pelo nível de otimismo, e apenas 25% pelo nível de coeficiente intelectual.
Muitos estudos nas áreas de psicologia e de recursos humanos evidenciam que a relação vai da gratidão à produtividade. GloboForce, uma empresa dedicada à gestão de recursos humanos, resume em um blog a literatura sobre este tema. Em poucas palavras, as pessoas agradecidas conquistam mais. Um estudo realizado pela Emmons y McCullogh (Journal of Personality and Social Psychology, 2003) dividiu os participantes em três grupos: um deveria atualizar um diário com as coisas pelas quais estavam agradecidos; outro grupo com as coisas pelas quais estava irritado; e um terceiro grupo, um diário com observações gerais. Os designados a escrever sobre gratidão mostraram aumentos significativos na determinação, atenção, entusiasmo e energia, em comparação com os outros dois grupos.
Da mesma maneira, em um estudo de Froh, Emmons, Card, Bono e Wilson (Journal of Hapiness Studies, 2011) foram entrevistados 1035 estudantes secundaristas e os autores identificaram que os mais agradecidos tinham mais amigos e médias acadêmicas mais altas.
São muitas as ações que as empresas podem tomar para melhorar a produtividade de seus funcionários e, assim, o crescimento das empresas e dos países. Muitas delas requerem grandes investimentos em sistemas de informação, mudanças nos processos de gestão e monitoramento, e capacitação dos recursos humanos. Outras requerem um esforço monetário menor, mas não menos importante. E aí? Está disposto(a) a ser mais agradecido(a) em seu trabalho?
* Economista da Unidade de Mercado de Trabalho e Seguridade Social do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Começou a trabalhar no BID em 2008 como especialista em desenvolvimento social na Divisão de Saúde e Proteção Social. Verônica lidera a pesquisa em temas de proteção contra o risco de desemprego, assim como participa no desenho e implementação de projetos sobre mercado de trabalho na região. Antes de ingressar no Banco, foi consultora do Banco Mundial. Possui Doutorado em Economia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign em 2007 e um Mestrado e Bacharelado em Economia da Universidade Nacional de La Plata.
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