Se muitos são os caminhos possíveis entre um problema e sua solução, a via da inovação costuma ser, conforme mostram experiências nos setores públicos e privado, a mais rápida e mais custo-efetiva.
Por isso, diante dos impactos repentinos trazidos pela COVID-19, o Banco Interamericano de Desenvolvimento apoiou um edital organizado pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) que incentivava a criação de ideias inovadoras oriundas de pessoas físicas e jurídicas para enfrentar questões trazidas pela pandemia – os Desafios COVID-19.
Como reflexo da capacidade criativa e inovadora do país, o edital reuniu, em pouco mais de um mês, cerca de 600 propostas, das quais 14 sagraram-se vencedoras.
Para avançar na concretização dessas boas ideias, o BID apoiou o desenho e a implementação de cinco delas, todas enviadas por pessoas físicas. O objetivo é amadurecer os projetos e oferecê-los para ajudar os gestores públicos a enfrentar estes tempos desafiadores.
Conheça-as abaixo:
Iniciativas inovadoras apoiadas pelo BID para enfrentar os impactos da Covid
- Escola sem Coronavírus: Diante do desafio da reabertura das escolas em contexto de pandemia, desenvolveu-se um site com material educativo gamificado com práticas seguras para alunos, funcionários e professores. O material é especialmente útil para os municípios, dado o cenário de dúvidas e preocupações quanto a infecções no ambiente escolar. O projeto busca parceiros institucionais para consolidação e difusão do material em larga escala. Estão em desenvolvimento também apps para celular.

- App para paciente com COVID-19 monitorar sua saúde: Foi concluída a primeira versão do aplicativo que permite ao paciente infectado acompanhar a evolução de sua saúde e saber o momento certo de procurar ajuda médica – evitando idas desnecessárias que sobrecarreguem as unidades de saúde, bem como demoras que coloquem a vida do doente em risco. O aplicativo também permite ao gestor público obter dados dos pacientes e, assim, traçar estratégias de atendimento. Atualmente, o projeto busca parceiros institucionais (especialmente municípios) para uso em escala.

- Mandando a real sobre Covid-19. Foram criados, produzidos e publicados conteúdos artísticos, educativos, informativos e de engajamento voltados à prevenção e ao combate da COVID-19 nas periferias. Dentre os conteúdos produzidos, inclui-se videoclipe que está sendo difundido por rádios comunitárias. O projeto é altamente replicável e foi inspiração para duas experiências de comunicação populares e comunitárias – o projeto Mandando um Papo, no Pará, e a produção do Movimento Luta de Bairros, que atende 15 comunidades da região metropolitana de Belo Horizonte.

- Tecer Esperança. O projeto apoia o combate a pandemia e, ao mesmo tempo, a geração de renda para populações mais vulneráveis por meio da confecção de máscaras e aventais para doação a instituições de saúde e de assistência social. Um total de 85 mulheres chegaram a trabalhar na iniciativa. O BID apoiou o aprimoramento do modelo de negócio com mapeamento de processos operacionais, como os de corte, costura e logística e desenho de estratégia baseada na economia solidária e circular para a geração de renda para costureiras. Atualmente, o grupo está em processo de criação de empresa de pesquisa e desenvolvimento para produzir tecidos a partir de nanopartículas de prata de ação virucida, fungicida e bactericida. O material será utilizado em máscaras, aventais e rouparia de hospitais. Por ser biodegradável, também contribuirá para reduzir o impacto ambiental da pandemia – estima-se que atualmente sejam descartados mensalmente no mundo 125 bilhões de máscaras descartáveis que demoram 400 anos para se decompor na natureza. A iniciativa começou parcerias com o município de São Carlos (SP), com o governo do Estado de São Paulo e com a Universidade Tecnológica do Paraná.

- Aumento de disponibilidade de ventiladores mecânicos. Um novo tipo válvula criado permite utilizar um ventilador mecânico ao mesmo tempo em dois pacientes, regulando o fluxo de oxigênio para cada um deles, aumentando a capacidade de atendimento de unidades de saúde. O financiamento do BID permitiu realizar testes pilotos e estudos que demonstraram a eficiência e segurança da válvula. Os próximos passos são mais testes com apoio da comunidade médica, mas a solução já está disponível para ser adotada.

A diversidade das propostas e a celeridade com que foram criadas mostram que, com incentivos adequados, empresas, universidades, ONGs e até pessoas físicas são capazes de inovar e prover respostas ágeis e pertinentes aos desafios que o setor público enfrenta. São muitos os argumentos para apoiarmos cada vez mais o ecossistema de inovação do país.
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