Não precisar ir até o posto de atendimento para dar entrada em uma solicitação economiza tempo e tem um custo menor para cidadãos e empresas. Do outro lado, disponibilizar o serviço à distância também é, na maioria dos casos, mais econômico para os órgãos públicos. Do ponto de vista dos benefícios econômicos, a transformação digital representa um ganha-ganha para quem precisa e para quem oferece o serviço.
Mas qual é o tamanho deste benefício exatamente? Nosso novo estudo “Benefícios econômicos da transformação digital de serviços públicos: o caso da cidade de São Paulo”, feito em parceria com a Prefeitura de São Paulo e com o apoio da Fundação Vanzolini, dá uma indicação.

O levantamento avaliou e mediu ex post a economia gerada pela digitalização de serviços públicos do município de São Paulo, tanto para a administração pública como para a sociedade. Foram considerados os principais custos associados ao recebimento e tratamento de um pedido de serviço, de forma a possibilitar uma comparação com o cenário anterior à digitalização.
O resultado? Uma redução média de 74% no custo unitário da solicitação para cidadãos e empresas e uma redução média de 40% no custo unitário para o município. Em outras palavras (ou números), o estudo estima um retorno anual de R$ 27 para cada R$ 1 investido em transformação digital.
O retorno foi determinado a partir da análise das mudanças promovidas pela digitalização no processo de solicitação de 15 serviços, que representam 22% do volume dos serviços digitais da Prefeitura, dentre os quais desbloqueio de senha para MEI (microempreendedor individual), bilhete único de transporte para estudante, cartão de estacionamento para pessoa com deficiência, além de solicitações relacionadas ao IPTU.
Vale destacar o caráter inovador do estudo, um dos primeiros a avaliar o impacto da transformação digital pós-implementação. Essa abordagem traz resultados mais precisos, já que, normalmente, os governos apresentam projeções baseadas em estimativas de uso e de tempo economizados.
Transformação Digital nas três esferas de governo
O Brasil tem avançado na agenda de governo digital nas três esferas de governo. No âmbito federal, foi publicada em 2018 a Estratégia Brasileira para a Transformação Digital, dando continuidade às ações iniciadas já em 2016. A criação de uma estrutura de governança efetiva para a implantação das ações necessárias à transformação digital teve como resultado a disponibilização de quase 4 mil serviços públicos digitais na plataforma GOV.BR. O número divulgado em agosto pelo Ministério da Economia representa 84% do total de 4,8 mil serviços oferecidos atualmente. A economia estimada é de R$ 4,6 bilhões por ano para os cidadãos e aos cofres públicos.
Essa estratégia tem levado o Brasil a se destacar em índices globais como a avaliação feita pela ONU em 2020, na qual figurou entre os 20 países com melhor oferta de serviços públicos digitais. Ou o ranking de maturidade digital do Banco Mundial de 2021, no qual aparece na 7ª posição, entre 198 países.
No âmbito estadual, importantes avanços têm sido avaliados pelo índice de oferta de serviços digitais da ABEP-TIC desde 2020, que também ajuda a direcionar os governos estaduais sobre os aperfeiçoamentos necessários no processo de transformação digital.
Entre os municípios, São Paulo tem tido bom desempenho, ocupando a 15ª posição entre 86 cidades incluídas em 2020 no Índice Local de Serviços On-line da ONU, à frente de Tóquio (Japão), Toronto (Canadá) e Sydney (Austrália). Até maio de 2020, o município havia digitalizado pouco mais da metade dos seus 1,1 mil serviços.
Benefícios vão além da economia
Fica claro que os investimentos em digitalização são justificados pelo enorme potencial de redução de custos para governos e usuários, fundamental em um contexto fiscal desafiador em todos os países do mundo, incluindo o Brasil, nas três esferas de governo.
Embora a economia de recursos financeiros seja um resultado positivo da transformação digital, ela não é o único objetivo. Haverá casos em que a digitalização pode não resultar em economia para a administração pública, mas será importante para garantir que a sociedade acesse de forma efetiva os seus direitos, ou para ampliar os canais de atendimento. Para mencionar um efeito prático: os canais digitais permitem, por exemplo, que pessoas com mobilidade reduzida possam solicitar serviços com mais facilidade, sem necessidade de (ou com menos) deslocamentos.
De acordo com um estudo do BID com mais de 13 mil entrevistados publicado em 2021, mais de 60% dos brasileiros preferem o canal digital para os serviços públicos, e 86% reportaram estar adaptados sem problemas ao mundo digital. Neste cenário, a transformação digital é um caminho que deve continuar a ser trilhado pelas administrações públicas, como uma política de Estado. Países como Uruguai, Reino Unido, Espanha ou Coreia têm adotado esse foco, com resultados positivos.
No BID, promovemos a inovação e temos apoiado iniciativas de transformação digital nos três níveis de governo no Brasil, tanto com recursos técnicos como financeiros. Para saber mais sobre os projetos apoiados, acesse a nossa página www.iadb.org/governodigital
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